“Tenho OCD.” Mas terá mesmo?
Muita gente brinca com o transtorno obsessivo-compulsivo, mas não tem ideia do quanto sofre quem padece de OCD.
Temos o hábito de dizer que sofremos de transtorno obsessivo-compulsivo quando apagamos uma luz duas vezes ou quando insistimos em trancar o carro que, na verdade, já está trancado. Mas será que sabemos, ao certo, de que se trata? E será que temos consciência daquilo por que passam as pessoas que são diagnosticadas com OCD? Para quebrar mitos e alertar consciências, explicamos tudo sobre esta perturbação.
Para dizer a verdade, de vez em quando, toda a gente reforça certezas: confere se aquela porta está mesmo fechada ou se o fogão está mesmo desligado. Ter um transtorno obsessivo-compulsivo é outra história – e bem mais dramática. Também conhecido por OCD (acrónimo inglês de obsessive compulsive disorder), este transtorno afeta cerca de um por cento da população mundial e é um distúrbio mental que obriga – literalmente, obriga – as pessoas a assumirem um determinado comportamento sem que o possam ou consigam evitar.
Para dar alguns exemplos: pessoas que sintam uma fobia particular com sujidade ou germes, terão uma compulsão fora do vulgar para estar constantemente a lavar-se; pessoas que tenham medos relativos a contextos sociais podem ficar presas em frente a um espelho, corrigindo cada mínima falha do cabelo, no rosto ou na roupa; pessoas que temam ser assaltadas poderão desenvolver uma compulsão para verificar vezes sem conta se as portas e as janelas estão trancadas. Normalmente, como se vê, estas obsessões estão relacionadas com fobias, garantindo alívio temporário, embora haja doentes de OCD por questões ligadas ao prazer.
David Adam, chefe de redação da revista Nature, escreveu um livro sobre este problema, uma vez que, ele próprio, possui este distúrbio. Editado em Portugal pela Temas e Debates, O Homem que Não Conseguia Parar é um relato ofegante e assombroso sobre o medo de contrair SIDA, sentido ao longo de anos pelo próprio autor, o que o fazia tentar de tudo para não se cortar e para não entrar em contacto com sangue. Os hábitos tornaram-se de tal forma obsessivos que chegaram a custar-lhe amizades, para além das inúmeras situações constrangedoras em que se viu colocado.
Agora, quando lhe acontecer um comportamento estranho, já sabe que não tem OCD. É apenas uma mania.